terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Hepatite C - ALERTA - Manicures

Um traço cultural típico no Brasil pode ser um fator importante de contaminação da hepatite C, doença que já contaminou de 4 a 8 milhões de brasileiros.

O costume de fazer as unhas das mãos e dos pés com a comodidade da profissional que vai de casa em casa pode ser um importante meio de disseminação da doença.

É normal que este profissional carregue seus próprios aparelhos de trabalho e que, pela sua rotina, utilize os mesmos para cada cliente, não tendo condições de fazer uma completa esterilização entre um cliente e outro. Impossibilitada de carregar um esterilizador, vale-se, no máximo, de uma panela para ferver os instrumentos ou do uso de álcool para limpeza, métodos que não eliminam por completo o vírus da hepatite C.

Contrariamente ao vírus da AIDS, que morre em 15 minutos, o vírus da hepatite C é altamente resistente, podendo sobreviver até por três dias na superfície de um instrumento que tenha tido contato com sangue contaminado. Se por acidente este mesmo instrumento ao ser usado em outra pessoa provocar um ferimento, existe a possibilidade de contaminação.

No trabalho da manicura, a retirada da cutícula, quando produz um ferimento, ocorrência freqüente, popularmente chamada de tirar um bife, provoca pequenos sangramentos que podem contaminar os instrumentos e disseminar a doença.

Torna-se muito importante conscientizar as pessoas sobre a necessidade de que cada pessoa, como se faz com a escova de dente, possua seu próprio equipamento de manicura, solicitando à profissional que o utilize. Este equipamento não deve ser compartilhado nem mesmo com os membros da família. Esse procedimento também é recomendado para quem faz as unhas no salão. O aparecimento de novas doenças, como a hepatite C, nos obriga a reeducar nossos hábitos neste sentido.

A hepatite C é considerada pela Organização Mundial da Saúde como a maior epidemia da historia da humanidade atingindo, no mundo, mais de 200 milhões de pessoas.

Chamada de a "Epidemia do Novo Milênio", a hepatite C, descoberta há somente 10 anos, já contamina no Brasil, segundo dados oficiais, 3,3 milhões de pessoas. Segundo estimativas dos a OMS, este número pode chegar a 8 milhões de brasileiros. Isso significa, no mínimo, que, de cada 30 pessoas, uma está contaminada com a hepatite C. O terrível e perigoso disto é que a maioria ainda não sabe que está doente.

É uma doença traiçoeira, porque é silenciosa e em 90% dos casos não apresenta nenhum sintoma, avançando lentamente, sendo que, em aproximadamente duas décadas, 25% dos contaminados desenvolverá cirrose hepática, uma das piores complicações do ser humano.

A maioria dos atuais contaminados são pessoas que durante as décadas de 70 e 80 sofreram intervenções cirúrgicas e receberam transfusões de sangue ou hemoderivados. Este fator de contaminação hoje é quase inexistente, em função dos testes realizados nos bancos de sangue.

Não existem vacinas para a hepatite C. O tratamento disponível é a combinação de dois medicamentos que, além de muito caros, em média R$ 30.000,00 para 12 meses de tratamento, e de implicar sérios efeitos colaterais, não apresenta nenhum resultado em mais de 55% dos tratados.

O melhor medicamento atual é a divulgação da doença e a educação dos médicos, os quais, em sua maioria, ainda não tomou conhecimento da hepatite C, comparando-a erroneamente às tradicionais hepatites A ou B, com a qual não tem nada em comum. Também é muito importante a informação da população e a detecção dos portadores. Porém, estranhamente, o governo prefere não falar no assunto.

Grupos de apoio formados por portadores estão se reunindo no Brasil, para poder realizar um trabalho de divulgação e conscientização similar ao que foi feito com a AIDS nos anos 80, obrigando o governo a tomar as medidas necessárias para enfrentar esse grave problema de saúde pública.

Ante a falta de interesse do governo, faça você mesmo a sua parte, tomando cuidados para evitar a disseminação da hepatite C.

Se necessitar de maiores informações, não hesite em perguntar a seu médico, em procurar um posto de saúde ou um grupo de apoio na sua cidade.

O Grupo Otimismo de Apoio a Portadores de Hepatite C é uma organização não-governamental formada por voluntários e fornece informações completas sobre a doença na Internet, no endereço www.hepato.com e realiza reuniões gratuitas, para portadores e familiares. Outros grupos estão sendo formados nas grandes cidades.

Carlos Varaldo
Economista - Presidente do Grupo Otimismo de Apoio a portadores de Hepatite C e autor do livro "Convivendo com a Hepatite C"
Informações sobre a hepatite C podem ser obtidas no Site www.hepato.com ou pelo telefone (21) 9973.6832 - O Grupo Otimismo promove gratuitamente palestras educativas sobre a doença.

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